Alimentação Consciente

A dieta alimentar humana na visão da Permacultura


Antônio Roberto Mendes Pereira
A demanda de alimentos está entre os principais fatores que influenciam o uso do solo rural. Historicamente, no Brasil, florestas foram e são eliminadas para ceder lugar à agricultura e a pastagens.
A questão da fome no mundo é preocupante. Precisamos repensar este fato a partir também de outras reflexões como:
  • A fome, enquanto problema econômico é simples questão de distribuição, ou tem a ver com hábitos sociais de consumo?
  • É possível acabar com a fome no mundo ou no Brasil sem mudar dietas e hábitos alimentares?
  • De que maneira a Permacultura, ao fazer a ponte entre a dimensão energética e a dimensão social, pode ajudar a responder a essa questão?
·         Como será que a Permacultura vê os hábitos alimentares das pessoas? 
·         Como levar a Permacultura para a mesa?
·         Uma alimentação biologicamente rica tem tudo haver com solo sadio, com Bio diversidade, com equilíbrio, com ciclo, com propriedade sustentável? 
 As respostas a estas perguntas podem nos ajudar a repensar muita coisa em nossos hábitos de produção, consumo e muitos outros. A Permacultura tem uma forma própria de encarar e traz soluções ao alcance de todos. Formas que causam pouquíssimos impactos ambientais, além de levar a uma produção sustentável e equilibrada.
A demanda de alimentos que estão no topo da cadeia alimentar como as carnes, por exemplo, consome grande quantidade de energia e de recursos naturais para a sua produção, além de gastos com pesticidas. Mas este aumento permanente de consumo por estes tipos de alimentos atrai cada vez mais fazendeiros e até pequenos proprietários para transformar suas áreas diversificadas em monoculturas de capim para alimentar estes animais. Toda esta forma de produção termina colocando o solo destas propriedades em cheque permanente, diminuindo a fertilidade, diminuindo a infiltração de água pela compactação causada pelos animais nos pastos, além de um prejuízo maior que é a destruição de florestas para a implantação de pastos. Caso diminua o consumo de carne e de produtos animais, que se encontram no alto da cadeia alimentar, e sejam privilegiados os vegetais, frutas e grãos, menor pressão estará sendo exercida sobre os recursos naturais, sobre a água e sobre as fontes de energia.


Questionamento alimentar
Comer o milho ou a galinha que comeu o milho?
Eis a questão?

Para facilitar a compreensão

Para um agricultor alimentar as galinhas, planta ou compra mi­lho. As galinhas aproveitando o alimento que ingerem, crescem e produzem ovos e carne. As galinhas servem de alimento para o homem. Vamos imaginar uma situação hipotética na qual o agricultor tivesse apenas o milho e as galinhas. O que ele deveria comer primeiro? É melhor dar o milho para a galinha crescer e depois comê-la ou comer o milho?
Você pode achar mais gostoso comer uma galinha assada do que milho cozinhado, um cuscuz, ou então comer uma deliciosa pa­monha.
Mas não é de preferência gastronômica que estamos falando, vamos analisar esta questão do ponto de vista energético, isto é, qual alimento nos dá maior aproveitamento de energia.
Não podemos esquecer que os vegetais são os primeiros elos de todas as cadeias alimentares. Isso acontece porque, para ob­ter a energia que necessitam os vegetais eles não se alimentam de nenhum outro ser vivo. Eles mesmos produzem seu alimento, realizando um conjunto de reações que transformam a energia solar em energia química.
São os vegetais que garantem que os demais seres vivos tenham alimento para obter a energia necessária para a realização de todo o seu funcionamento, crescimento e reprodução.
 Biologicamente os animais estão classificados em uma pirâmi­de alimentar ou como normalmente se fala “cadeia alimentar”. Existe representante nesta cadeia alimentar, desde os decompo­sitores até os top de linha como os carnívoros. Esta classificação obedece à necessidade de energia que esses elementos necessi­tam para poder viver.
E não podemos esquecer que cadeias alimentares são transferências de energia alimentar desde os produtores básicos – as plantas – para os animais herbívoros – consumidores primários – até os animais carnívoros que se alimentam dos herbívoros. E nós estamos entre as espécies que absorvem energia de vários desses elos da cadeia alimentar. Como grande parte da energia é degradada a cada transferência de um nível para outro, quanto maior a cadeia alimentar, menor será a energia disponível.
Assim, os estudos de ecologia energética revelam a superioridade dos produtos de origem vegetal sobre os de origem animal em termos de produtividade energética.
Esse mesmo estudo da ONU enunciava a tese segundo a qual, se apenas os norte americanos reduzissem em 10% o consumo de carne, seriam poupadas 12 milhões de toneladas de grãos – capaz de alimentar toda a população da terra que sofre com a fome. As dietas alimentares vegetarianas são poupadoras de espaço e meio ambiente, conseguindo, com baixo uso de recursos naturais e alto rendimento energético, alimentar densas populações.
Como vemos a mudança da lógica produtiva e dos hábitos alimentares da família causa um grande impacto positivo ou negativo dependendo do sistema de produção utilizado. A Permacultura traz uma proposta de sistema de produção onde todas estas questões energéticas e ambientais são direcionadas para uma estabilidade. Comer bem não é comer alimentos altamente beneficiados e processados, quanto mais in natura nos alimentamos mais saúde teremos. Os vegetais, grãos, tubérculos, frutas e frutos devem ser a base da alimentação. Diversifique a propriedade e o prato.
 
Fonte: www.permaculturapedagogica.blogspot.com